Alguns restaurantes já são especializados nessas exóticas iguarias. Normalmente ficam nos mercados, feiras e ambientes populares. Outros incluem em meio a um cardápio variado e elas acabam fazendo sucesso. Mas, muitas vezes, causam também espanto, uma certa repugnância para quem nunca provou.
Se você é bom de boca, como se diz por aqui, ou pelo menos não rejeita novas experiências gastronômicas, a Bahia pode lhe reservar algumas surpresas deliciosas, ainda que em alguns casos seja melhor não recorrer muito às narinas.
Um bom local para provar algumas dessas iguarias é o Mercado do Rio Vermelho, antiga Ceasinha. No lounge gastronômico as opções são variadas. Outra sugestão é o Mercado do Peixe, também no Rio Vermelho ou outros ambientes mais populares, como o Mercado das Sete Portas e a Feira de São Joaquim.
Comecemos pelo tradicional sarapatel, um picadinho de miúdos do intestino e vísceras do boi, tudo muito bem lavado e temperado, com receitas caseiras, mas sempre deliciosas, e que é servido quase puro.
O acompanhamento pode ser um bom molho de pimenta e a farinha de mandioca, essa bem fininha. Está no time daqueles que é preciso coragem para encarar, mas depois da primeira garfada você vai querer é repetir.
O mocotó vem na sequência, feito com o tutano das patas do boi, para muitos afrodisíaco e forte. As patas costumam ser deixadas de lado e as “canelas”, bem lavadas e escaldadas antes de ir para a panela, deixam, após o cozimento, pedaços de nervo e carne, e um delicioso caldo que pode virar pirão, misturado a farinha de mandioca.
A dobradinha é outra iguaria bastante disputada e das mais saborosas. Na verdade, é uma espécie de feijoada feita com feijão branco, ganhando na panela alguns ingredientes extras, nem sempre adicionados ao feijão tradicional, como o bucho, parte do estômago do boi e a tradicional calabresa. A carne seca é opcional, bem como pedaços de músculo.
Por fim, nesse breve cardápio, vamos incluir a maniçoba, das quatro opções aqui reunidas a mais saborosa e que não enfrenta resistência, mesmo dos paladares mais exigentes. Problema mesmo está no seu preparo.
Natural do Recôncavo baiano, é extremamente saboroso. A maniçoba é feita com folhas verdes da mandioca cozidas, misturadas com carne sal preso, carne seca, carne defumada, calabresa e lombo, mas o preparo exige habilidade e conhecimento no manuseio.
A folha da mandioca produz uma substância que funciona como reagente, de características semelhantes a um veneno, podendo levar a sérias complicações estomacais.
Mas seguindo o tempo certo para o preparo, e mãos habilidosas sabem bem o que estão fazendo, torna-se um prato daqueles para comer e repetir. Vale experimentar sem medo.